Vejo meu rosto no espelho e sinto-o diferente.
Muitas marcas.
sou nova demais para fazer essas constatações.
Meu problema é achar que posso resolver o mundo
quando é madrugada,
No intervalo
entre o início e o fim do sono
acordo
e envelheço.
Rabujenta.
Novamente no inervalo
agora entre o café e o cigarro.
Nos intervalos envelheço.
Sinto-me centenária
sem ter aprendido nada durante a vida.
Não me localizo na cidade
e nem caneta carrego comigo.
Poderia ao menos fazer um desenho
ou fincá-la em minha mente
bem ao lado dessa dorzinha constante
que agora já não dói.
Fiquei até hoje esperando que você me desejasse uma boa noite de ontem
a velha inexistente dependência já se formou.
não quero ouvir bom dia.
a conhecida dorzinha na cabeça voltou
junto com uma nova marca no canto os olhos
junto com mesmas notícias.
Juntos, um homem e a brisa viram uma página. - Betty Drevniok
quarta-feira, 31 de julho de 2013
quarta-feira, 12 de junho de 2013
terça-feira, 11 de junho de 2013
Uma breve conversa consigo
"All you need is love",
sim
Mas amor não é tudo o que tenho.
Também tenho muita raiva
nesse meu peito que grita
de fome
de dor.
Também tenho muita insatisfação
nessa boca calada
nesses olhos atados
nesse corpo aprisionado.
Tenho no peito muito amor
e muito ódio também.
Mas essa gente vai sentir...
Quando explodi-los no peito
- com uma bomba de fogo,
quiçá mesmo de amor-
e me matar
de tanto rir.
sim
Mas amor não é tudo o que tenho.
Também tenho muita raiva
nesse meu peito que grita
de fome
de dor.
Também tenho muita insatisfação
nessa boca calada
nesses olhos atados
nesse corpo aprisionado.
Tenho no peito muito amor
e muito ódio também.
Mas essa gente vai sentir...
Quando explodi-los no peito
- com uma bomba de fogo,
quiçá mesmo de amor-
e me matar
de tanto rir.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Reforma
- E com quem vou reclamar quando você não couber na caixinha em que te coloquei?
- Aí você reforma.
- Reformar?
- É, a caixinha.
- Impossível! Antes reformo você.
- Não é impossível. Tenho tudo o que precisamos aqui: prego, madeira, martelo...
Anda, serra essa parte aqui.
- Da direita?
- A ponta da esquerda...
- Mas sua esquerda é minha parte preferida!
- Acontece que tem uma lasca, veja... daqui a pouco desmorona.
- Então colo com fita crepe
cola quente
pedaço de retalho
gesso
- Meu bem, pensei que você já sabia que essa esquerda sequer existe.
...
- Me empresta o serrote aqui. - e serrou a língua pra fora da caixa.
- Aí você reforma.
- Reformar?
- É, a caixinha.
- Impossível! Antes reformo você.
- Não é impossível. Tenho tudo o que precisamos aqui: prego, madeira, martelo...
Anda, serra essa parte aqui.
- Da direita?
- A ponta da esquerda...
- Mas sua esquerda é minha parte preferida!
- Acontece que tem uma lasca, veja... daqui a pouco desmorona.
- Então colo com fita crepe
cola quente
pedaço de retalho
gesso
- Meu bem, pensei que você já sabia que essa esquerda sequer existe.
...
- Me empresta o serrote aqui. - e serrou a língua pra fora da caixa.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Uma pausa, por favor
A gente dividiu um cigarro uma vez.
Estava um frio, uma garoinha fina... sua voz mansa, num passo apressado, me pediu um cigarro.
Sentou-se ao meu lado, me ofereceu erva.
Acho que ficamos por uns 20 minutos falando sobre coisas banais.
Mas ela era tão linda que eu tinha vontade de ficar parada
olhando pra ela.
Como quando nos tornamos crianças e observamos o vermelho pela primeira vez.
Não me lembro como foi a primeira vez que vi o vermelho ou outra cor, mas imagino que deve ter sido assim
como mergulhar no doce mar de mariana.
Também não sei mergulhar, mas comparo à sensação de observar mariana:
com fumaça de cigarro que amarga a boca
e escorre deliciosamente pelos lábios vãos.
Estava um frio, uma garoinha fina... sua voz mansa, num passo apressado, me pediu um cigarro.
Sentou-se ao meu lado, me ofereceu erva.
Acho que ficamos por uns 20 minutos falando sobre coisas banais.
Mas ela era tão linda que eu tinha vontade de ficar parada
olhando pra ela.
Como quando nos tornamos crianças e observamos o vermelho pela primeira vez.
Não me lembro como foi a primeira vez que vi o vermelho ou outra cor, mas imagino que deve ter sido assim
como mergulhar no doce mar de mariana.
Também não sei mergulhar, mas comparo à sensação de observar mariana:
com fumaça de cigarro que amarga a boca
e escorre deliciosamente pelos lábios vãos.
sábado, 4 de maio de 2013
Silêncio de Aniversário
Fui escrever um poema de aniversário pra você:
aproveitar o dia simbólico pra dizer
tudo que você sente (eu acho
) mas que eu nunca soube dizer.
mas sou ruim das palavras
acontece
quantas vezes não fiquei em silêncio com você?
tantas vezes da carne tão fresca
dos olhos dilatados
amanhecer.
perguntei a todo mundo
o que pra você posso fazer
até rimas tentei inventar.
fui parar numa sinfonia:
fuga 22 de Shostakovic
- pode pronunciar assim mesmo
sei lá como se fala -
e até nela pude me lembrar de você
embora eu saiba,
não tem nada a ver.
as palavras
-novamente-
me vão embora
-Volte já aqui!
minha voz tímida implora -
como poderei
em palavras
meus sentimentos
meus sentimentos
...
e te deixo assim
esse vago
silêncio
fazendo
bem devagar
não dizer
mas sentir.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Quer mesmo saber...
Sentados ali, naquela mesinha de concreto envolta de árvores, você falava e eu só conseguia pensar em você de cueca.
Se já não conhecesse seu corpo de luz de laranjeira, eu o imaginaria, porém, já sabendo o tom, textura e gosto, não conseguia parar de me lembrar.
e só imaginava você de cueca.
Nem sei qual a cor
- se preta
azul
samba canção
ou sem nada -
apenas te via na minha frente sentado, reclamando dos burocráticos e estado (assim, com "e" minúsculo), envolto de árvores e outras pessoas, vestido somente de cueca.
Seu aniversário está chegando. Vamos comemorar!
Eu te dou os parabéns e você pode ficar assim, sentado na minha frente, gesticulando de cuecas.
domingo, 7 de abril de 2013
Borboletas Pretas
Eu estava voltando
naquela rua, agora familiar pra mim, tranquila, quando vi um par de borboletas.
Não muito grandes, até um pouco pequenas, bailando no ar até repousarem no tronco da árvore, e, tomadas por aqueles belos pares de asas que as enfeitavam, reproduzirem uma lagarta que passará pelos mesmos processos de metamorfose, que as duas haviam passado.
Não muito grandes, até um pouco pequenas, bailando no ar até repousarem no tronco da árvore, e, tomadas por aqueles belos pares de asas que as enfeitavam, reproduzirem uma lagarta que passará pelos mesmos processos de metamorfose, que as duas haviam passado.
Inevitavelmente me lembrei de você. Ou talvez de mim mesma criando você incessantemente, seja pelo motivo que for.
Inevitavelmente me lembrei também do conto do Caio Fernando de Abreu, porque as borboletas eram pretas.
As borboletas eram pretas.
Eu não conseguia parar de pensar que as borboletas eram pretas, mesmo já estando de costas para o casal.
Eram pretas. Mas eram borboletas.
E eram lindas. Voando em harmonia. Leves e cincronizadas.
E nesse momento, uma criança de 1 ano e meio, cujo nome não consegui
entender, correu para os meus braços.Tão leve como aquelas borboletas.
Tão preto quanto.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Verso pobre
- Ler ao som de Secos e Molhados interpretando "Rondó do Capitão"
Aquele beijo cheio
naquela noite dia.
faltou tanta vontade
o desejo mau ardia.
"Foi legal aquele dia"
h o j e n ã o é m a i s.
Em distintas fantasias
o amor se quebrou
- Por favor, chamem um cais!
esse barco precisa repousar.
Ah doce ácido menino
pra que se esquivar assim
já que não me quer
deixe-me ir
sem (mais) dor
sem transformar meus versos pobres em melôs bregas.
Te quero tão bem
nos amaremos um dia.
V O C Ê em partes
Você me vem sempre em cheiros.
Quando sozinha me debruço na janela olhando o caminho que você costumava fazer,
sabendo que não virá,
sinto o cheiro de beck apagado
de beijo molhado
do seu corpo suado
de fumaça de lenha seca
do seu sexo
,
agora um pouco menos.
Hoje coloquei fogo no apartamento
tava sem isqueiro
- foi difícil
com a vela que não usei com você.
Quando fico sozinha, contando quanto tempo falta para alguém me acompanhar novamente, as vezes penso em você.
Você que eu não quero aqui.
e que completa os clichês, quando nos meus gestos percebo você em mim
,
hoje menos.
vou devolver seu 3x4
porque, no fundo, eu só queria mesmo poder continuar chegando de mansinho
trocar uns carinhos
dormir.
Mas talvez você não saiba me acompanhar
hoje menos.
Quando sozinha me debruço na janela olhando o caminho que você costumava fazer,
sabendo que não virá,
sinto o cheiro de beck apagado
de beijo molhado
do seu corpo suado
de fumaça de lenha seca
do seu sexo
,
agora um pouco menos.
Hoje coloquei fogo no apartamento
tava sem isqueiro
- foi difícil
com a vela que não usei com você.
Quando fico sozinha, contando quanto tempo falta para alguém me acompanhar novamente, as vezes penso em você.
Você que eu não quero aqui.
e que completa os clichês, quando nos meus gestos percebo você em mim
,
hoje menos.
vou devolver seu 3x4
porque, no fundo, eu só queria mesmo poder continuar chegando de mansinho
trocar uns carinhos
dormir.
Mas talvez você não saiba me acompanhar
hoje menos.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Na teia da Lagartixa
- Inspirada na música criada em conjunto com as crianças da
brinquedoteca, "A Lagartixa Verde".
A Lagartixa Verde na parede.
Eu parada
olhando a lagartixa
sem notar que,
lamentavelmente,
eu é que era sua comida.
Mas que triste coincidência:
Eu na teia da Lagartixa
sem perceber que quem faz teia
é a aranha
e não a lagartixa.
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