sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A Brisa não circula mais
Anda com saudade de tudo
Sentindo falta de todos

A Brisa não circula mais
Tem medo de virar vento
Quiçá uma tempestade

A Brisa não circu...
Olho atento:
O filtro dos sonhos está se mechendo.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Perturbações num copo de café frio

Tinha um borro.
No fundo da xícara branca ficou um borro.
Um borro escorrido e com um pouco de pó de café que não dissolveu.
Pouca coisa é pior do que pó de café não dissolvido pela água fervente no coador.
Talvez, apenas um borro de café, formado por esse mesmo pó dissoluto, não dissolvido, seja pior.

domingo, 7 de outubro de 2012

Anotações em uma madrugada de café

Sempre foi meio perdida, nesses últimos dias sobretudo.
Estando especificamente nesse lugar, naquela noite, se sentia tão perdida que quase podia se encontrar novamente. Era como se seus extremos se reconhecessem em um só ser.
Sentia-se confortavelmente perdida em si mesma.
finalmente.
A menina mulher podia sentir a si
se sentir
sentir-se.
E sentia como era confortável ser-se.

sábado, 14 de julho de 2012





Entregue-se à paixão sem medo

sinta arder em brasa seu coração
sinta-se perdido
louco
maníaco
entregue-se à paixão

Traia sua mente racional
Permita-se ser sentimental

sinta a brisa leve
se entregue
sem medo
entregue-se

beije
corra
sofra
morra
entregue-se à paixão

segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Não existe amor em SP"
Criolo Doido

Pode não existir amor em SP, mas sobra tesão.


És por inteiro, e por isso não cabe outro inteiro dentro de ti.
Não cabe mas
aceita
rejeita
engloba e engole aquele inteiro em ti
o consumindo por completo.

Viúva negra, como és cinza
em tuas formas
tuas caras
nas tuas cores.

Sampa querida
serena em mim toda noite
de luzes sem estrelas
danças em marcha
e doses de quase amores.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Deixe-me quieta
é tempo de me retirar.

Se perguntarem por mim
Se quiseres me encontrar
Bata à minha porta
- uma vez apenas -
Se acaso eu não atender
não há porquê se preocupar
Preciso mesmo me retirar.

não sou como a fênix
que refaz seu corpo após ser consumida em chamas.
Depois dessa incendio todo
vou juntar as cinzas em pó
e, se o vento ajudar,
farei delas uma longa carreira fina
para consumir nesse último suspiro de tristeza
a maior tristeza ainda.

é tempo de me retirar.
respeite meu silêncio.
queira da minha casa retirar-se também.
é tempo de me limpar.
quero retornar à superfície
é tempo de respirar.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O ser humano é também arte, para aqueles momentos que transcedem. (PONTO).
Eu, sou meia arte. Incapaz de transcender por completo.
Transbordo sempre insuficiente(mente).
Se não garanto que me compreenderás no que lhes comunicando penso estar, como posso em ti transcender?
Apenas transbordo. Sem nada falar.
Assim os momentos vão ficando cada vez mais escassos na memória.
Quem muito transborda tem um grande nada a pesar.

quinta-feira, 8 de março de 2012

88.π

O botão que muda a estação de rádio está quebrado e o canal de rádio que tocava por aqui já mudou de frequência. Acabou a sintonia, e o 88.7 que tocava Gal e Caetano, é agora uma chiadeira a zunir nos meus ouvidos.
O botão está quebrado. Já não sei se a culpa é da minha mão que o quebrou ou do próprio botão de material vagabundo, mas acho mesmo que a culpa é da rádio que mudou de frequência. Como ela ousou sair de perto dos meus ouvidos?
Mas sabe que é só uma questão de sintonia: quando acordo cedo, faz Sol, e alguma brisa para acompanhar o café, posso ouvir lá no fundo do chiado Tim Maia me desejando bom dia.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Pequena Espiral (Narcisista)

Rodando em espiral. Sem nunca conseguir voltar. Seu destino era mesmo ir, não nascera para ficar,
estar,
permanecer.
Nem sabia se acreditava em destino, mas não podia negar quão necessário lhe era o novo para permancer vivendo. Mas assim como a espiral, sentia certa necessidade de ordem, de rotina, era o que a confortava e o que fazia parte dela.
A rotina e a ordem, contraditoriamente, faziam parte de sua essência tanto quanto o novo. Entende agora como é impossível a prever: se você olhar uma espiral do alto, achará que são círculos. Previsíveis sequências de voltas de círculos. Mas a espiral te surpreende com suas voltas que nunca se encontram para complear um círculo.
Então ela era meio incompleta, imprevisível e linda aos olhos de quem boa forma sabe reconhecer. Encantadora, eu completaria: uma encantadora pequena espiral imprevisível a me segurar.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Com ternura, de um grande amor

Ler ao som de Cartola "Acontece".

Estava colocando as coisas do guarda roupa em caixas de madeira e papelão, porque decidira que esse ano iria mudar de vida e, ao contrário das demais promessas ano novo e coisas da vida, estava mesmo decidida, por isso estava a mudar-se de casa, a fim de completar a segunda mudaça drástica em sua vida.
Não pense que se tratava de uma pessoa muito mais racional do que sentimental, criando estratégias e metas para mudar a própria vida, muito pelo contrário, mas acontece que, depois de lhe ter ocorrido a primeira mudança drástica, restava-lhe apenas completar as mudanças da vida.
No meio de suas calças amarrotadas, encontrou uma camisa azul. Abraçou, sentiu - ou inventou, o cheiro naquela roupa, os olhos encheram-se de lembranças, e mais nada. Se fossem outros tempos, choraria de saudade; em passado mais recente, choraria pela ausência desta, mas naquela noite, apenas lembrou, e sorriu muito serenamente enquanto dobrava o restante da roupa, completando emfim, a primeira mudança.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ocaso

O Sol havia ido embora e as nuvens que estavam rosas ficaram acinzentadas e depois cinzas.
As pessoas ao redor observavam, mas não entendiam. Nem mesmo ela, ela que é sem nome, compreendia, mas sentia.
Percebe quão bucólico é o momento em que termina um e inicia outro? Como é difícil descrever a sensação de perder a luz que havia...
Bucólico. Talvez seja a melhor palavra para descrever o que sente alguém ao desprender-se do rosa e mergulhar no cinza e escuro das nuvens que não mais são banhadas pelos raios do Sol.
A noite é sedutora e até riria dessa vã e eterna melancolia que envolve o momento do abandono do dia e desbravamento da noite desconhecida, onde tudo é novo, mas nada é teste, tornando tudo perigoso.
Quem se arrisca a viver no novo? E por que deveria?
Acontece que os anos passam e os olhos não enxergam mais tantas cores, só o que salta aos seus olhos agora é cinza. A cinza escura do pouco que sobrou dos restos de tudo aquilo que você havia juntado ao longo da vida.
Todo ser humano começa dia e termina noite.
Você de remendos que agora é noite e não mais dia, ouça e medita no que digo: somente aquele que se entrega inteiramente à noite pode conhecer a luz da Lua, e fazer da sua noite seu dia, portanto entregue-se à loucura, SUA loucura.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os Amantes

Ler ao som de The Doors "We Could Be So Good Together"

" A gente só se coça e se roça e só se vicia."
Chico 

   muito cigarro, pouca música, um bom toque de álcool e uma noite a amanhecer. foi tudo que os corpos precisaram para se reconhecerem um par - uma noite apenas.
   um lugar proibido, por que não? todo ato ali o era.
   gemeram, gritaram, se entregaram como não fariam. depois, acenderam um cigarro e acompanhados de uma lata de cerveja, cada um seguiu o seu caminho.
   encontraram-se novamente fingindo ser meio sem querer, e mais uma vez, em uma noite banhada a álcool e fumaça, a atração inevitável dos corpos, das línguas, salivas, cabelos e peles os levou à casa dela.
   ela fingiu não estar ali e ele disse estar no próprio quarto quando o celular tocou. saíram nus para ver o Sol que havia nascido, e as nove da manhã cederam, emfim, ao cansaço do corpo, permenacendo assim o restante da tarde.
   acordaram, comeram qualquer coisa sem tempero que ela havia preparado, acenderam mais um e ele então despediu-se: "até a próxima." - ele precisava ir ver a namorada.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Em Japonês II

  Ela, ainda que por dó, o amou a partir daquela madrugada, pois só assim sabia amar.
  Quando amanheceu, fechou os olhos deitada no sofá e desejou sonhar com ele, agora que o amava. Mas foi em vão.
  "é minha memória que não funciona..." - consolava-se na mentira.
  e assim foi, toda noite, ou manhã, quando se lembrava: fechava os olhos e com ele não sonhava, sem se dar conta de que ele era mais realidade do que ela imaginava, talvez o mais real na sua vida.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Em Japonês I

  Ela sentia muito a falta dele. Afinal foram 245 dias se vendo todos os dias, compartilhando experiências, vivendo madrugadas afora e vendo amanhecer o dia; foram dias banhados com boas conversas, muita fumaça, alcool e até algumas confissões em meio muitas outras risadas e sorrisos. Não havia como não sentir falta disso, então, ao vê-lo online, quis contar dessa falta que ele fazia, e que agora era ainda maior, embora não chegasse a se transformar em saudade, mas que crescia devido à disctância de um dia que os separavam.
"sinto sua falta!", ela escreveu antes de perguntar se ele estava feliz (embora essa pergunta não fosse passível de resposta para ela).
"eu também!!! sonhei com você esses dias..." ao ler essa resposta inesperada, ficou sem saber o que responder.
  ele havia sonhado com ela, e ela nunca havia sonhado com ele.
  o exato momento em que a disparidade dos sentimentos (mais uma vez) se revela.
  o momento mais cruel para a menina. (menina, pois era assim que se sentia).
  Não sabia o que responder, nunca sequer lembrava-se dos seus sonhos, embora sonhasse toda noite e manhã, mas sabia que nunca havia sonhado com ele.
  Talvez ele pensasse nela durante o dia, mais do que ela nele, mesmo porque, ela mau pensava nele ou  em qualquer outra pessoa que conhecesse.
  Pensou, mais tarde, que talvez fosse a distancia que o obrigava a pensar nela, como uma forma de se aproximar mais da terra natal de onde viera. Sentiu-se assim, confortada, e respondeu-lhe com qualquer onomatopéia de som carinhoso, sem perguntar o conteúdo do sonho, pois, bom ou ruim, o sonho em si a assustava.
  depois que ele desligou o notebook, ela releu a conversa e confirmou que ele, de fato, havia sonhado com ela, e, naquele momento, embora nunca houvesse sonhado com ele, ela o amou.