quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Poema de uma manhã que já era tarde ou Poema de uma manhã tardia

“Não sente a criança
Que o céu é ilusão:
Crê que o não alcança,
Quando o tem na mão.”

[Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho]

Nunca soube nadar, contudo me lembro que aos cinco anos de idade conseguia boiar meu corpo inteiro na piscina.

Que sensação gostosa que me dava, a leveza que tomava meu corpo se misturava com o vento e o sol forte que faziam se sentir na minha pele.

Era tudo tão leve, divertido, novo. Era como que voar por cima da água.

Dez anos depois, tentei reproduzir a sensação leve, contudo minha perna afundava, sem permitir que meu corpo permanecesse no topo daquela água.

Tempos atrás resolvi tentar boiar meu corpo inteiro na água.

Para ver se aquela sensação de liberdade, de LEVEZA, se repetiria

Mas não consegui.

Então coloquei apenas meus pés na água

Deixei-os mais leve que eu consegui.

No primeiro momento, encontraram o topo,

Levitaram por alguns minutos.

Mas logo em seguida voltaram a afundar.

Insisti naquela leveza que não me pertencia

Mas eles insistiam em afundar!

Eu os ajudava fazendo força pra que eles permanecessem no topo,

Mas eles insistiam em afundar, em voltar para o chão,

E agora sequer um minuto no topo paravam...

A leveza havia me deixado.

E eu não sabia mais como encontrá-la.

Ah meus cinco anos!

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