- E com quem vou reclamar quando você não couber na caixinha em que te coloquei?
- Aí você reforma.
- Reformar?
- É, a caixinha.
- Impossível! Antes reformo você.
- Não é impossível. Tenho tudo o que precisamos aqui: prego, madeira, martelo...
Anda, serra essa parte aqui.
- Da direita?
- A ponta da esquerda...
- Mas sua esquerda é minha parte preferida!
- Acontece que tem uma lasca, veja... daqui a pouco desmorona.
- Então colo com fita crepe
cola quente
pedaço de retalho
gesso
- Meu bem, pensei que você já sabia que essa esquerda sequer existe.
...
- Me empresta o serrote aqui. - e serrou a língua pra fora da caixa.
Juntos, um homem e a brisa viram uma página. - Betty Drevniok
quinta-feira, 30 de maio de 2013
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Uma pausa, por favor
A gente dividiu um cigarro uma vez.
Estava um frio, uma garoinha fina... sua voz mansa, num passo apressado, me pediu um cigarro.
Sentou-se ao meu lado, me ofereceu erva.
Acho que ficamos por uns 20 minutos falando sobre coisas banais.
Mas ela era tão linda que eu tinha vontade de ficar parada
olhando pra ela.
Como quando nos tornamos crianças e observamos o vermelho pela primeira vez.
Não me lembro como foi a primeira vez que vi o vermelho ou outra cor, mas imagino que deve ter sido assim
como mergulhar no doce mar de mariana.
Também não sei mergulhar, mas comparo à sensação de observar mariana:
com fumaça de cigarro que amarga a boca
e escorre deliciosamente pelos lábios vãos.
Estava um frio, uma garoinha fina... sua voz mansa, num passo apressado, me pediu um cigarro.
Sentou-se ao meu lado, me ofereceu erva.
Acho que ficamos por uns 20 minutos falando sobre coisas banais.
Mas ela era tão linda que eu tinha vontade de ficar parada
olhando pra ela.
Como quando nos tornamos crianças e observamos o vermelho pela primeira vez.
Não me lembro como foi a primeira vez que vi o vermelho ou outra cor, mas imagino que deve ter sido assim
como mergulhar no doce mar de mariana.
Também não sei mergulhar, mas comparo à sensação de observar mariana:
com fumaça de cigarro que amarga a boca
e escorre deliciosamente pelos lábios vãos.
sábado, 4 de maio de 2013
Silêncio de Aniversário
Fui escrever um poema de aniversário pra você:
aproveitar o dia simbólico pra dizer
tudo que você sente (eu acho
) mas que eu nunca soube dizer.
mas sou ruim das palavras
acontece
quantas vezes não fiquei em silêncio com você?
tantas vezes da carne tão fresca
dos olhos dilatados
amanhecer.
perguntei a todo mundo
o que pra você posso fazer
até rimas tentei inventar.
fui parar numa sinfonia:
fuga 22 de Shostakovic
- pode pronunciar assim mesmo
sei lá como se fala -
e até nela pude me lembrar de você
embora eu saiba,
não tem nada a ver.
as palavras
-novamente-
me vão embora
-Volte já aqui!
minha voz tímida implora -
como poderei
em palavras
meus sentimentos
meus sentimentos
...
e te deixo assim
esse vago
silêncio
fazendo
bem devagar
não dizer
mas sentir.
Assinar:
Postagens (Atom)