terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os Amantes

Ler ao som de The Doors "We Could Be So Good Together"

" A gente só se coça e se roça e só se vicia."
Chico 

   muito cigarro, pouca música, um bom toque de álcool e uma noite a amanhecer. foi tudo que os corpos precisaram para se reconhecerem um par - uma noite apenas.
   um lugar proibido, por que não? todo ato ali o era.
   gemeram, gritaram, se entregaram como não fariam. depois, acenderam um cigarro e acompanhados de uma lata de cerveja, cada um seguiu o seu caminho.
   encontraram-se novamente fingindo ser meio sem querer, e mais uma vez, em uma noite banhada a álcool e fumaça, a atração inevitável dos corpos, das línguas, salivas, cabelos e peles os levou à casa dela.
   ela fingiu não estar ali e ele disse estar no próprio quarto quando o celular tocou. saíram nus para ver o Sol que havia nascido, e as nove da manhã cederam, emfim, ao cansaço do corpo, permenacendo assim o restante da tarde.
   acordaram, comeram qualquer coisa sem tempero que ela havia preparado, acenderam mais um e ele então despediu-se: "até a próxima." - ele precisava ir ver a namorada.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Em Japonês II

  Ela, ainda que por dó, o amou a partir daquela madrugada, pois só assim sabia amar.
  Quando amanheceu, fechou os olhos deitada no sofá e desejou sonhar com ele, agora que o amava. Mas foi em vão.
  "é minha memória que não funciona..." - consolava-se na mentira.
  e assim foi, toda noite, ou manhã, quando se lembrava: fechava os olhos e com ele não sonhava, sem se dar conta de que ele era mais realidade do que ela imaginava, talvez o mais real na sua vida.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Em Japonês I

  Ela sentia muito a falta dele. Afinal foram 245 dias se vendo todos os dias, compartilhando experiências, vivendo madrugadas afora e vendo amanhecer o dia; foram dias banhados com boas conversas, muita fumaça, alcool e até algumas confissões em meio muitas outras risadas e sorrisos. Não havia como não sentir falta disso, então, ao vê-lo online, quis contar dessa falta que ele fazia, e que agora era ainda maior, embora não chegasse a se transformar em saudade, mas que crescia devido à disctância de um dia que os separavam.
"sinto sua falta!", ela escreveu antes de perguntar se ele estava feliz (embora essa pergunta não fosse passível de resposta para ela).
"eu também!!! sonhei com você esses dias..." ao ler essa resposta inesperada, ficou sem saber o que responder.
  ele havia sonhado com ela, e ela nunca havia sonhado com ele.
  o exato momento em que a disparidade dos sentimentos (mais uma vez) se revela.
  o momento mais cruel para a menina. (menina, pois era assim que se sentia).
  Não sabia o que responder, nunca sequer lembrava-se dos seus sonhos, embora sonhasse toda noite e manhã, mas sabia que nunca havia sonhado com ele.
  Talvez ele pensasse nela durante o dia, mais do que ela nele, mesmo porque, ela mau pensava nele ou  em qualquer outra pessoa que conhecesse.
  Pensou, mais tarde, que talvez fosse a distancia que o obrigava a pensar nela, como uma forma de se aproximar mais da terra natal de onde viera. Sentiu-se assim, confortada, e respondeu-lhe com qualquer onomatopéia de som carinhoso, sem perguntar o conteúdo do sonho, pois, bom ou ruim, o sonho em si a assustava.
  depois que ele desligou o notebook, ela releu a conversa e confirmou que ele, de fato, havia sonhado com ela, e, naquele momento, embora nunca houvesse sonhado com ele, ela o amou.