segunda-feira, 8 de abril de 2013

Quer mesmo saber...


Sentados ali, naquela mesinha de concreto envolta de árvores, você falava e eu só conseguia pensar em você de cueca.
Se já não conhecesse seu corpo de luz de laranjeira, eu o imaginaria, porém, já sabendo o tom, textura e gosto, não conseguia parar de me lembrar.
e só imaginava você de cueca.
Nem sei qual a cor
- se preta
azul
samba canção
ou sem nada -
apenas te via na minha frente sentado, reclamando dos burocráticos e estado (assim, com "e" minúsculo), envolto de árvores e outras pessoas, vestido somente de cueca.
Seu aniversário está chegando. Vamos comemorar!
Eu te dou os parabéns e você pode ficar assim, sentado na minha frente, gesticulando de cuecas.

domingo, 7 de abril de 2013

Borboletas Pretas

Eu estava voltando naquela rua, agora familiar pra mim, tranquila, quando vi um par de borboletas.
Não muito grandes, até um pouco pequenas, bailando no ar até repousarem no tronco da árvore, e, tomadas por aqueles belos pares de asas que as enfeitavam, reproduzirem uma lagarta que passará pelos mesmos processos de metamorfose, que as duas haviam passado.
Inevitavelmente me lembrei de você. Ou talvez de mim mesma criando você incessantemente, seja pelo motivo que for.
Inevitavelmente me lembrei também do conto do Caio Fernando de Abreu, porque as borboletas eram pretas.

As borboletas eram pretas.

Eu não conseguia parar de pensar que as borboletas eram pretas, mesmo já estando de costas para o casal.
Eram pretas. Mas eram borboletas.
E eram lindas. Voando em harmonia. Leves e cincronizadas.
E nesse momento, uma criança de 1 ano e meio, cujo nome não consegui entender, correu para os meus braços.

Tão leve como aquelas borboletas.
Tão preto quanto.