Ela olhava para aquilo tudo se perguntando: "o que você vê, Dora?", e não conseguia responder; não porque não podia ver ou enxergar, mas porque, sentada ali, à meia luz do quase por do Sol, Dora conseguia ver TUDO, mas um tudo tão denso que se transformava em NADA quando chegado em palavras.
-Nada - respondia, assim: sem ponto.
Juntos, um homem e a brisa viram uma página. - Betty Drevniok
terça-feira, 13 de setembro de 2011
terça-feira, 6 de setembro de 2011
A chegada do/ de um desconhecido
Foi um constrangimento estranho, meio daqueles de quando você está parado sozinho, fumando seu cigarro em uma esquina e avista um desconhecido caminhando em sua direção. Você avistou o desconhecido, sabe que o desconhecido também te avistou e então, no momento em que o desconhecido – que então não é mais desconhecido uma vez que você, embora míope, reconhece a fisionomia do sujeito por conta desse curto período de observação - passa ao seu lado, ambos não sabem o que fazer: “Seria melhor fingir não tê-lo visto, talvez olhar para o chão ou para o carro que passa... ou quem sabe posso cumprimentá-lo com um ‘oi’ ou sorriso...” Constrangimento ainda maior se esse desconhecido não se tratar de um desconhecido, mas sim de um velho amigo que a sua jovem memória moribunda não reconhece.
O fato é que o desconhecido passou sem que eu nem o percebesse chegar – tratando-se, portanto de um verdadeiro desconhecido, aproximou-se de mim, pediu um isqueiro e acendeu seu cigarro.
E foi assim: parada em uma esquina qualquer, fumando meu Marlboro vermelho, que o desconhecido se mostrou para mim.
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